quinta-feira, 3 de março de 2011

Saudade... (História feita para apresentar em sala de aula)


O ano de 2009 para mim foi um ano de mudanças, de acontecimentos marcantes, os quais eu sei que irei levar para o resto da minha vida. Nesse ano eu entrei aqui no Colégio Santo Antônio e em julho perdi um grande amigo. Creio que não só eu perdi como o resto da minha turma.
Bom, logo de cara eu fiz amizade com todos os meus colegas de classe. A turma era grande, aproximadamente 40 alunos, era uma única turma, a 8ª única. Sempre existem aqueles colegas que se destacam por serem muito legais, ou divertidos, ou birrentos ou pirracentos. E foi aí que conheci um colega birrento e pirracento... Nossa, bota birrento nisso. Esse colega era Tony. Um menino de 15 anos, moreno claro, bom, inteligente, aparentemente cheio de saúde, alegre e torcedor do vasco... Mas tinha um probleminha, ele pegava no meu pé, me pirraçava, me colocava mil apelidos. Era briga quase todo dia. Mas era engraçado porque ao mesmo tempo que nós estávamos brigando, já estávamos numa boa. E por mais que nos estranhássemos, todo dia nós sentávamos perto um do outro. Isso aconteceu durante o primeiro semestre de 2009.
Ía chegando o período do São João e a turma estava se reunindo pra fazer uma camisa pra 8ª série. Só que como eram muitas pessoas e uma diversidade de personalidades, era muito difícil entrar em um acordo para escolher o tema que ia constar na camisa. E na última reunião que houve antes das férias de junho eu discuti com Tony e ficamos sem nos falar.
Quinze dias depois as aulas voltaram normalmente, mas no primeiro dia de aula após o recesso eu e toda a turma recebemos uma notícia muito triste, que Tony estava internado e em coma. Naquele momento nós não tínhamos nada a fazer, só nos restava ter fé e esperança. Nós não nos concentrávamos mais nas aulas, não tínhamos mais alegria, a todo momento recebíamos notícias sobre ele, hora estava melhorando outra hora estava piorando. Foi aí que depois de 5 dias recebemos a notícia que nosso querido amigo havia falecido com aneurisma cerebral. Infelizmente Deus havia levado aquele menino que alegrava nossas aulas, ainda no início da sua jornada aqui na Terra.
Apesar de ter sido muito difícil, a maior parte da nossa turma esteve presente no velório e no enterro do nosso amigo. Fizemos uma homenagem a ele, colocando a bandeira do seu time Vasco da Gama em cima do seu caixão. Nós não acreditávamos no que havia acontecido, foi tudo muito rápido. Todos nós sentíamos uma tristeza muito grande, mas eu além da tristeza sentia uma certa culpa por termos brigado e principalmente por não ter tido tempo para me desculpar. Porque apesar de todas as nossas brigas, em toda a sala ele era a pessoa que mais me arrancava sorrisos durante a manhã.
Tudo aquilo mexeu muito com a 8ª série, tivemos que trocar de sala duas vezes até o término do ano pra tentarmos esquecer o acontecimento. Durante o pouco tempo que continuamos na antiga sala, ninguém sentava na cadeira onde ele costumava sentar. A sensação era que a qualquer momento ele iria voltar, mas infelizmente isso não poderia acontecer.
A camisa da 8ª série já não tinha como tema principal aquela etapa da nossa vida que era a conclusão do ensino fundamental, mas tinha uma linda homenagem a Tony. Todos os colegas e professores usavam a camisa e sentiam sua falta. Ou melhor, todos nós sentimos a sua falta até hoje.
Com tudo isso a turma se tornou mais unida, nos respeitávamos mais, nos gostávamos mais, éramos mais amigos... E eu aprendi que não devemos deixar pra amanhã o que podemos fazer hoje. Às vezes eu penso como eu e Tony poderíamos ter uma relação totalmente diferente, porque no fundo mesmo nós nos gostávamos. Mas eu tenho certeza que onde ele estiver, ele sabe o quanto eu sinto por tudo que aconteceu, como eu queria pedir desculpas, mas já era tarde demais e sabe também que eu nunca irei me esquecer dele. Pois por mais triste que tenha sido a sua morte, eu pude absorver algo bom e que levarei isso para o resto da minha vida.



Letícia Azevedo Cunha - 08/02/2011

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