terça-feira, 19 de outubro de 2010

"Mas dane-se."

Queria que algum canto do mundo me acolhesse. E me abraçasse e dissesse que tudo bem, tudo bem de vez em quando eu perder assim a razão ou o equilíbrio. Eu queria que existisse um canto do mundo que nunca me dissesse "hey, tati, você se expõe demais" e que me deixasse ser assim e apenas me deixasse ficar quietinha quando o mundo resolvesse me magoar, porque eu sou briguenta, mas sou mais sensível que maria-mole na frigideira. Eu sei que sou exatamente o que 98% dos homens não gosta ou não sabe gostar. Eu falo o que penso, abro as portas da minha casa, da minha vida, da minha alma, dos meus medos. Basta eu ver um sinal de luz recíproca no final do túnel que mando minhas zilhões de luzes e cego todo o mundo. Sou demais. Ninguém entende nada. E eles adoram uma sonsa. Adoram. Mas dane-se. Um dia um louco, direto do planeta dos 2%, vai aparecer. E que se dane a natureza gritando no meu ouvido que não posso ser assim. Eu queria te beijar até enjoar. Porque eu só sei curar uma vontade de me entorpecer de alguém quando sugo a pessoa até a última gota. O problema é que, nesse mundo sem graça com policiais mentais que apitam "hey, tati, segura a onda, não deixe ele perceber que pode comandar seu coração", ninguém mais sabe nem sugar e nem ser sugado até a última gota. Fica uma droga de um joguinho superficial de trocas superficiais. E ai de quem resolva sair disso. Queria poder repetir e repetir o erro. E jurar que da próxima vez eu serei normal. E virar a rainha dos 98% de homens que não sabem o que fazer com uma pessoa como eu. E depois chutar todos eles, porque no fundo tô pouco me lixando pra essa maioria idiota. Pode até ser meio solitário correr contra a maré, mas como é gostoso olhar a multidão do outro lado e enxergar todo mundo pequenininho.

Tati Bernardi

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